Brincar é Aprender
Após uma série de teorias sobre o desenvolvimento da inteligência infantil, ressurgem autores defendendo que o melhor a fazer para estimular o raciocínio da criança é deixá-la brincar
por: Rose Campos é jornalista e escreve sobre Psicologia.
Entre roupinhas, fraldas, carrinho, banheira e o berço, os pais hoje têm acrescentado à lista do enxoval do futuro filho uma série de itens especiais. São artigos como CDs, DVDs e brinquedos educativos voltados especificamente para a estimulação do cérebro do bebê. Não há nada de mau no desejo dos pais - ou futuros pais - de fazerem o que estiver ao seu alcance para que os filhos recebam os estímulos necessários para seu desenvolvimento sadio. No entanto, é preciso pensar por que tanta ansiedade em ver a criança se desenvolvendo rápido, e se possível antes das outras. E lembrar que ainda não surgiram evidências científicas suficientes de que toda a parafernália à venda com o propósito de incrementar e acelerar o desempenho infantil de fato cumpram esse objetivo.
No livro Einstein teve tempo para brincar - Como nossos filhos realmente aprendem e por que eles precisam brincar (Editora Guarda-Chuva, 2006), lançado em 2003 nos EUA e recentemente editado no Brasil, autoras que além do foco profissional na infância também são mães, investigam melhor o assunto, dividindo suas próprias angústias e incertezas com o leitor.
Kathy Hirsh-Pasek dirige o Laboratório de Linguagem Infantil do departamento de Psicologia da Universidade de Temple (EUA), é mãe de três filhos, compõe e interpreta músicas para crianças. Roberta Michnick Golinkoff é professora titular da Faculdade de Pedagogia e dos departamentos de Lingüística e de Psicologia da Universidade de Delaware (EUA) e mãe de um casal de filhos. Ambas já haviam escrito anteriormente How Babies Talk (Como os Bebês Falam) (Penguin, USA 2000) e produzido a série para a TV Human Language (Linguagem Humana).
No livro contam com a colaboração da psicóloga Diane Eyer, professora na Universidade de Temple e aclamada autora de livros sobre a maternidade, entre eles Motherguilt (A Culpabilidade Materna) (Crown, 1996) e Mother-Infant Bonding (A Formação do Vínculo Mãe-Bebê) (Yale University Press, 1992).
A idéia principal não é necessariamente inédita. David Elkind, da Universidade de Tufts (EUA), foi um dos que abordaram o assunto anteriormente. Escreveu, em meados dos anos 1980, Sem tempo para ser criança: a infância estressada (Artmed, 2003), hoje um clássico sobre o tema. Elkind questiona uma prematura e desastrosa "adultificação" das crianças. As idéias defendidas por ele foram usadas como referência e serviram de inspiração para as autoras, que aprofundaram as pesquisas sobre o assunto.
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